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Em memória dos 8 da Candelária

No próximo dia 23, completam-se 32 anos da Chacina da Candelária, chacina essa que vitimou 8 pessoas, sendo 6 delas menores de idade.

O caso ocorreu no centro do Rio de Janeiro, em frente à igreja que leva o nome de Nossa Senhora da Candelária.

Essa tragédia mexe comigo pessoalmente. Não é algo novo; vem desde o tempo da escola, quando a descobri em uma aula de português. Assistimos ao filme "Ônibus 174", que conta a história de um rapaz sobrevivente da Candelária e que sequestrou um ônibus.

Todo o acontecimento me fez entender como uma ação tem uma consequência. Aquele rapaz estava frustrado por tudo que sofreu, por ter visto seus amigos morrerem. Ele só estava na rua porque foi abandonado pela família e pelo Estado. Ninguém merece ser largado assim. Faziam de tudo para sobreviver; ninguém quer morrer de fome, e ninguém merece passar por isso.  

Ano passado, fui ao Rio de Janeiro a trabalho e, ao participar de um evento no centro, percebi que estava ao lado da igreja. Infelizmente, devido à minha agenda, não pude ir até lá, mas tive um sentimento intenso de revolta. Não consigo explicar bem: era um misto de impotência, raiva, pena e dor. Sinto muito por todas aquelas crianças que foram vítimas de um sistema cruel, por aquelas que tiveram a vida ceifada e por aquelas que sobreviveram, mas não tiveram oportunidades. Sinto por todas as crianças e todas as pessoas em situação de rua, que sofrem diariamente com a violência do Estado.

Fidel Castro, em um de seus discursos, disse: "Hoje milhões de crianças vão dormir na rua; nenhuma será em Cuba". Gostaria que a frase fosse diferente: que nenhuma criança no mundo dormisse na rua.

Deixo aqui minha homenagem e meus pêsames aos 8 da Candelária e a todas as vítimas de um sistema que falha em proteger os seus.

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